segunda-feira, 23 de novembro de 2009

fragmentos


""Grite", ordenei-me quieta. "Grite", repeti-me inutilmente com um suspiro de profunda quietude. (...) Mas se eu gritasse uma só vez que fosse, talvez nunca mais pudesse parar. Se eu gritasse ninguém poderia fazer mais nada por mim; enquanto, se eu nunca revelar a minha carência, ninguém se assustará comigo e me ajudarão sem saber; mas só enquanto eu não assustar ninguém por ter saído dos regulamentos. Mas se souberem, assustam-se, nós que guardamos o grito em segredo inviolável."
"Amanheci em cólera. Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das pessoas estão mortas e não sabem, ou estão vivas com charlatanismo. E o amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa de que eles precisam. Mentir dá remorso. E não mentir é um dom que o mundo não merece."
" Escuta:eu te deixo ser. Deixa-me ser,então."
Depois das palavras de consolo da Clarice Lispector, nada mais tenho a dizer, sobre os gritos que não sairam ontem, e sobre a impetulância e exigência para que eu agisse de uma forma, como a qual não sou e nem preciso. Mudar é forte, aceitar é humano.